OS DISCÍPULOS DE JESUS

OS DISCÍPULOS DE JESUS
"Os meus discípulos serão conhecidos por muito se amarem." Jesus"

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

ATUALIZAÇÃO : DIA 24/01/2014




ARTIGO
AUTOR MIGUEL LUCAS

Licenciado em Psicologia, exerce em clínica privada. É também preparador mental de atletas e equipas desportivas, treinador de atletismo e formador na área do rendimento desportivo.

CULPA, APENAS UM SENTIMENTO E NÃO UMA EXPLOSÃO DE INFORMAÇÃO

Ter um sentimento de culpa não implica necessariamente que você tenha de se sentir culpado. A culpa é simplesmente um sentimento, uma experiência mental e física que ocorre no nosso corpo (experiência interna), um programa do nosso cérebro que é executado em resposta a um resultado negativo percebido de alguma natureza. Não é um monte de informações refinado, na verdade é uma informação subtil que emerge de uma reação, não muito mais que isso. É um sinal enviado ao cérebro, ou criado no próprio cérebro que permite accionar um conjunto de processos mentais para pensar de novo sobre as coisas. A experiência de culpa (a culpa descabida e incapacitante) na nossa mente, tem a ver com um processo de ruminação, devido à constante atenção que damos ao assunto que nos perturba e preocupa, criando-se um ciclo vicioso sobre um conjunto de pensamentos que se ligam entre si, mas que no entanto não levam à construção válida de uma resposta ou resultado que ajude na resolução do problema.

Um exemplo de sentimentos de culpa onde não há nada para se sentir culpado é a tristeza como reação à culpa que muitas pessoas experimentam quando morre (neste caso, de acidente) um ente querido. O sobrevivente fica obcecado com as coisas possíveis que poderia ter feito de maneira diferente, e eventualmente evitado a morte. (“Se eu não estivesse no trabalho, ele não teria morrido.” “Se eu me tivesse certificado que tivesse tomado o café da manhã, ele poderia ter tido reacções mais rápidas.” “Se eu não tivesse comprado aquele vestido preto , isso não teria acontecido. “O sobrevivente também pode ficar obcecado com a sensação de que havia um erro que ele ou ela fez, e que o outro era incapaz de identificar. (“Eu sei que havia algo que eu deveria ter feito diferente, mas eu não consigo descobrir o quê.”) Um problema semelhante ocorre quando um indivíduo está envolvido num grave acidente que não tinha nada a ver com o que o indivíduo estava fazendo (ou seja, , um avião cai em casa durante a madrugada, um rajada balas que são disparadas por um atirador enlouquecido num restaurante). Seria normal (mas inadequado) ficar obcecado com a experiência, revendo um e outra vez os acontecimentos e ações antes da catástrofe, mesmo que se reconheceu que, logicamente, não poderia haver nada para se sentir culpado.

O que exemplifiquei, não pretende transmitir a ideia que o sentimento de culpa não possa existir ou que seja um “pecado” quando o sentimos, nada disso. Obviamente que perante determinados cenários catastróficos ou negativos, e em reação a eles, se possam gerar determinados sentimentos de culpa. No entanto, importa referir que na grande maioria das vezes, esse sentimento é muito destruidor, não trazendo alívio nenhum à dor já infligida pelo acontecimento negativo. A reação de culpa é como que uma “fuga” interminável, não dá descanso, não orienta, não permite a reestruturação, devido ao constante sentimento de remorso. Este remorso, consome os recursos mentais, impedindo que a pessoa consiga pensar de forma clara e baseada em factos concretos.

SINTONIZE-SE, ACEITE E APRENDA COM O SENTIMENTO DE CULPA

Tenha cuidado, muito cuidado naquilo que vê de errado. As circunstâncias podem ser várias, mas é de sua conveniência esclarecer acerca do quê, e porque é que deve sentir-se culpado, ou se você deve sentir-se culpado acerca de tudo, ou até se é a única pessoa culpada. Ainda que faça mais sentido falarmos de responsabilidade. Uma excelente estratégia de clarificação, embora não infalível, de verificar se você acha que deve sentir os sentimentos de culpa, é perguntar a um amigo: Como é que ele lidaria com a situação se fosse com ele, e estivesse a sentir-se dessa forma?

Você acha que o seu amigo sentir-se-ia culpado como seu comportamento, e em caso afirmativo, por quanto tempo? Se você está esperando mais de si mesmo ou a ser demasiado duro, ou mais crítico do que você pensaria ser adequado para um amigo, pare com isso.

Um filho que se vê forçado a colocar os pais num lar de idosos por terem necessidades médicas, e que como alternativa, seria tê-los em casa e deixá-los morrer por causa da má assistência médica, pode sentir um profundo sentimento de culpa (que não é saudável nem ajudará à situação). Seria desapropriado sentir-se culpado por não ser enfermeiro ou não ter ganhado na loteria para que pudesse ter sido capaz de contratar enfermeiros para prestarem cuidados ao pais em casa.

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