OS DISCÍPULOS DE JESUS

OS DISCÍPULOS DE JESUS
"Os meus discípulos serão conhecidos por muito se amarem." Jesus"

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

ATUALIZAÇÃO: 25/02/2014

COMO LIDAR COM O SENTIMENTO DE CULPA

A nosso favor ou contra nós, em algumas alturas da nossa vida apodera-se de nós um sentimento de culpa. Se a interpretação da culpa nos servir, nos engrandecer e for adaptativa e adequada funcionará certamente como um elemento para o nosso desenvolvimento pessoal. No entanto, muito de nós sentimo-nos culpados com bastante frequência levando-nos para caminhos auto-depreciativos e destrutivos. É uma parte natural da vida e realmente desempenha uma função adaptativa que nos ajuda a aprender com as experiências dolorosas ou assustadoras. Apesar da crença comum em contrário, a experiência da culpa não é totalmente negativa, improdutiva e destrutiva. Saiba como lidar com o sentimento de culpa, aprendendo a retirar o que lhe serve, a minimizar os danos e a enfrentar a vida por outra perspetiva.

“Culpa”é o termo que usamos para os sentimentos negativos que repetidamente sentimos quando cometemos um erro que consideramos grave, ou quando fazemos algo que gostaríamos de não fazer ou de não ter de o fazer.

A mente ativa a preocupação, revê vezes sem conta as escolhas ou ações e os resultados envolvidas, experienciamos um enorme sentimento de remorso que, para muitos parece um misto de náusea e um senso palpável de arrependimento muito significativo.

SENTIMENTO DE CULPA: PARA O BOM OU PARA O MAU

Estes desconforto de “opiniões” são percepcionados como indesejáveis, pensamentos intrusivos que geralmente não exercem uma função adaptativa. E muitas vezes eles não são. Mas, em alguns casos eles são realmente adaptativos, assim como praticamente todos os mecanismos físicos e mentais nos nossos corpos. Se adotarmos uma perspectiva evolutiva, os sentimentos de culpa e remorso têm funções adaptativas, têm um elevado valor de sobrevivência na maioria das situações. No entanto, apesar disso para alguns de nós, e devido a uma avaliação desadequada e exacerbada das situações, a culpa e remorso, viram-se contra nós, tornam-se num terrível problema que assombra a vida e suga a energia e bem-estar.

A reter: A culpa e o remorso podem trazer-nos esclarecimento, mas aplicado de forma inadequada, podem causar-nos complicações. A culpa pode ser saudável, mas igualmente destrutiva.

Aquilo que dizemos a nós mesmos de forma repetida e recorrente vais ficando enraizado na nossa mente. O que dizemos a nós mesmos e a forma como dizemos, na verdade, pode ter efeitos enormes. É como se algumas partes do nosso interior, os processos mentais inconscientes ficassem mais sintonizados com o que dizemos a nós mesmos em silêncio ou em voz alta. É importante ter cuidado acerca da forma como você diz as coisas para si mesmo quando está a passar por dificuldades, lutas ou arrependimentos. Deve tentar ter o mesmo cuidado a falar para si, tal como teria se falasse com um amigo que está a passar por dificuldades ou que tenha feito algo do qual não se orgulhe.

Para aprofundar mais este assunto, pondere: Deixe de dizer desculpe, eu não sei, eu não consigo

A CULPA COMO UM PROCESSO MENTAL DE ENORME POTENCIAL

Após um acontecimento significativamente assustador, embaraço ou doloroso, depois de uma grande dor, um medo, um trauma, um grande erro ou o que quer que o tenha magoado, o cérebro automaticamente inicia uma revisão repetitiva dos elementos envolvidos. Quando este processo é ativado, quando ocorre nas nossas mentes é iniciado por processos inconscientes e vivenciamos isso conscientemente através de sentimentos indesejáveis e fora do nosso controlo. Esta revisão de experiências significativas são apenas pensamentos indesejados ou memórias indesejáveis, quando não há sentimento de culpa. Quando existe um sentimento de culpa ou arrependimento, é porque se accionou o processo repetido de revisão da situação e consequentemente do sentimento recorrente de culpabilização.

CONFIGURAR ALARMES E ALERTAS DA SITUAÇÃO

Os nossos cérebros estão preparados para analisar as experiências consideradas intensas e “registando-se” na memória todos os sentimentos desconfortáveis e negativos como elementos, que podem servir como marcadores no futuro, para “lembrar-nos ” de experiências passadas, na esperança de podermos agir de forma mais adequada na próxima vez. Por exemplo, ao caminharmos por uma parte específica da cidade, se formos ameaçados ou atacados, provavelmente posteriormente teremos de lidar com um monte de memórias indesejada, da próxima vez que começarmos a ir novamente nessa direção, mesmo que realmente não nos lembre-mos do que tinha acontecido, uma espécie de alarme soará na mente.

A reter: A culpa pode motivar e estimular uma revisão completa de erros, aumentar a vigilância e cautela no futuro, dar uma sensação de ser responsável e promover a aceitação social e de estima.

No entanto o sentimento de culpa pode torná-lo emocionalmente desequilibrado, deixá-lo transtornado, diminuir a sua auto-estima, destruir a sua esperança, fazê-lo sentir-se estúpido, estragando a sua vida e eventualmente das outras pessoas significativas para si. O sentimento de culpa pode ainda fazê-lo ficar agarrado ao passado, impossibilitando que continue a levar a sua vida para a frente e a viver no presente.

AVALIAR AS SITUAÇÕES COM PRECISÃO

Ao avaliar com precisão os erros e situações negativas nas quais nos encontramos ou estamos atravessando, leva-nos a atravessar por um período de tempo onde as memórias e pensamentos emergem nas nossas mentes espontaneamente, acompanhado de sentimentos de angustia, acionando-se alarmes de alerta na forma de preocupações. Isso pode ser bom ou pode ser mau, dependendo de como fazemos uso da experiência sentida. Será que a culpa contribui para sermos mais inteligentes? Não. Não, porque o ser humano tem a benção da linguagem e do pensamento complexo. Com uma linguagem que pode manipular conceitos e interpretar situações e emoções como nenhum outro ser vivo. O sentimento de culpa (destrutiva) deve-se ao processo de revisão e ensaios, que é implementada com a nossa decisão de escolha, depois de algo negativo ter acontecido. Mas o que nós ensaiamos na nossa mente, faz a diferença entre tornarmo-nos mais inteligentes e funcionais ou tornarmo-nos menos capazes e inadequados.

Nós, seres humanos podemo-nos tornar mais ou menos inteligentes (com respostas mais ou menos adequadas aos nossos objetivos), porque podemos escolher os elementos que estamos a ligar (“emparelhar”) no nosso processo de raciocínio (forma de pensar). Por exemplo, analise a situação em que alguém depois de ficar acordado a noite toda, vai conduzir, adormece e tem um acidente. Se ele usa o processo natural de culpa para ruminar e recriminar-se acerca de ser irremediavelmente estúpido, e um falhado, ele está a queimar o cérebro desnecessariamente.

A ideia fundamental, é a de que nada lhe serve estar a usar o seu cérebro para pensar/ruminar de forma depreciativa acerca de si mesmo. Ele vai tornar-se mais incapaz do que antes do acidente. Ou, se perante as mesmas circunstâncias, ele usa o processo de culpa e recriminação por ter esquecido o pé de coelho da sorte (ou qualquer outra coisa associada à sorte), ele não vai ser mais esperto e raciocinar de forma mais adequada, provavelmente irá prejudicar-se ainda mais (isto assumindo que o pé de coelho não dá sorte.) Ou, se ele usa medicamentos, álcool, drogas, hipnose ou qualquer um dos milhares de distrações possíveis para evitar qualquer sentimento de culpa, ele não vai ser mais inteligente. Perder a oportunidade de aprender algo realmente importante através da experiência terrível que foi acidente de carro, é o que o sentimento de culpa promove, porque irá aumentar a probabilidade de fazer a mesma coisa de novo, como fez antes do acidente.

Mas, se ele usa a culpa para censurar-se por não dormir o suficiente e, em seguida pensar em ir dirigir sonolento, da próxima vez que esses elementos ocorrerem juntos, ele vai ficar nervoso antes de entrar no carro devido à ideia de ir dirigir, ou ele pode até ficar nervoso na noite em que tiver de permanecer acordado até tarde. Assim, ele pode ter espatifado um carro, mas ficará muito menos propenso a cometer esse erro novamente. Pelo menos ele retirou algo de positivo e construtivo do seu infortúnio (aprendeu que irá proteger-se em situações semelhantes no futuro). Esta é sem dúvida uma forma de pensamento positivo perante uma situação catastrófica.

O TERRÍVEL PESO DA AUTO-PUNIÇÃO

Algumas pessoas sentem que devem punir-se com a negação ou com a auto-sabotagem, como punição, quando se sentem “culpados”. Elas não acreditam que os sentimentos de culpa são castigo suficiente para o seu mal-estar.

Às vezes, retardar uma recompensa ou uma coisa boa, pode ajudar a sentir-se menos culpado. Na verdade, isto não passa de uma ilusão. A auto-punição, na grande maioria das vezes pode machucar ainda mais a pessoa que vive com o sentimento de culpa. Na medida em que a punição sobrecarrega a mente com o sentimento negativo, toda a aprendizagem a partir da experiência e do sentimento de negatividade será distorcida ou perdida. As únicas coisas que realmente são prejudicadas quando a punição é demasiado dura, são o auto-respeito e consciência. Diminuir o auto-respeito fará aumentar probabilidade da pessoa não se preocupar em magoar-se. Diminuir a consciência é o mesmo que diminuir a inteligência. Não se tem uma atitude muito inteligente (adequada) sendo hostis para nós mesmos, isto faz com que o nosso padrão mental fique alterado e nos turve a mente.

QUANDO NÃO APRENDEMOS COM OS ERROS

Porque razão por vezes não conseguimos aprender com alguns erros que cometemos na vida? A razão para tal, é que deixamo-nos turvar por erros de raciocínio. Viramo-nos contra nós numa altura em que mais nos deveríamos ajudar. Reconhecer o erro só é benéfico, se depois conseguirmos manter um equilíbrio emocional que jogue a nosso favor. É necessário que nos coloquemos num estado onde possamos accionar todos os nosso recursos para agir, minimizando o erro, evitando que volte a acontecer, ou antecipando novas situações para que não volte a ocorrer.

Frequentemente atendo pessoas em terapia que se queixam de que as suas vidas parecem estar a desmoronar-se. Elas relatam ter mais problemas com a vida à medida que o tempo vai passando. Dizem-me que acham que deveriam ter aprendido alguma coisa com a vida e com os erros que cometeram. E na verdade todos nós deveríamos, mas como as coisas não acontecem como queremos, o melhor que podemos fazer é, quando tomamos consciência disso, procurar uma forma de não continuar a fazer o que temos vindo a fazer até à data.

Quando nos viramos contra nós, muitos são os problemas emocionais que podem emergir, dificultando-nos o raciocínio. No entanto, alerto para o facto de existir uma mistura de comportamentos e atitudes que aumentam a vulnerabilidade aos problemas psicológicos:

Auto-punição. Um sentimento de raiva e frustração auto-dirigido, que emerge de se pensar que os sentimentos de culpa não são suficientemente punitivos.
Auto-avaliação depreciativa. uma avaliação negativa acerca de si mesmo, depreciando o seu carácter e inteligência ao invés de avaliar a situação e comportamentos que levaram ao problema.
Os problemas tornam-se preocupantes por mau uso do sentimento de culpa. Quando nos fundimos a alguns dos nosso sentimentos, e passamos a agir exclusivamente de acordo com eles, corremos o risco de tomar decisões que nos prejudicam porque agimos em modo emocional, deturpando as avaliações e consequentemente os passos para a solução.

Curiosidade: Os ratos e coelhos ou outros animais, executam as suas vidas com base nas emoções. Nos seres humanos as emoções e os sentimentos podem orientar e ajudar, mas não são o pensamento lógico. As emoções na grande maioria das vezes são accionadas de forma inconsciente no nosso cérebro. Elas ajudam, informam, direccionam e sugerem. Facto, que reforça a necessidade e utilidade de aprender a gerir as emoções.

Mas também temos linguagem e pensamento lógico. Temos outras áreas no nosso cérebro onde processamos pensamentos muito complexos, onde podemos manipular ideias complexas de forma complexa. Os sentimentos raramente são mais precisos do que um pensamento lógico e estruturado, embora muitas pessoas possam julgar que são, porque são mais fortes e fazem-se sentir no nosso organismo provocando mal-estar, ou pelo contrário enorme satisfação. Os sentimentos são formas rudimentares de informação (ainda que muito necessária), porque eles são gerados por áreas do nosso cérebro que são primitivas. Os sentimentos por vezes são formas muito subtis de informação, são formas imprecisas que nos podem colocar em apuros, se não forem descodificadas pela consciência. Os sentimentos para nos servirem de forma apurada devem passar pelo filtro do nosso pensamento lógico.

CULPA, APENAS UM SENTIMENTO E NÃO UMA EXPLOSÃO DE INFORMAÇÃO

Ter um sentimento de culpa não implica necessariamente que você tenha de se sentir culpado. A culpa é simplesmente um sentimento, uma experiência mental e física que ocorre no nosso corpo (experiência interna), um programa do nosso cérebro que é executado em resposta a um resultado negativo percebido de alguma natureza. Não é um monte de informações refinado, na verdade é uma informação subtil que emerge de uma reação, não muito mais que isso. É um sinal enviado ao cérebro, ou criado no próprio cérebro que permite accionar um conjunto de processos mentais para pensar de novo sobre as coisas. A experiência de culpa (a culpa descabida e incapacitante) na nossa mente, tem a ver com um processo de ruminação, devido à constante atenção que damos ao assunto que nos perturba e preocupa, criando-se um ciclo vicioso sobre um conjunto de pensamentos que se ligam entre si, mas que no entanto não levam à construção válida de uma resposta ou resultado que ajude na resolução do problema.

Um exemplo de sentimentos de culpa onde não há nada para se sentir culpado é a tristeza como reação à culpa que muitas pessoas experimentam quando morre (neste caso, de acidente) um ente querido. O sobrevivente fica obcecado com as coisas possíveis que poderia ter feito de maneira diferente, e eventualmente evitado a morte. (“Se eu não estivesse no trabalho, ele não teria morrido.” “Se eu me tivesse certificado que tivesse tomado o café da manhã, ele poderia ter tido reacções mais rápidas.” “Se eu não tivesse comprado aquele vestido preto , isso não teria acontecido. “O sobrevivente também pode ficar obcecado com a sensação de que havia um erro que ele ou ela fez, e que o outro era incapaz de identificar. (“Eu sei que havia algo que eu deveria ter feito diferente, mas eu não consigo descobrir o quê.”) Um problema semelhante ocorre quando um indivíduo está envolvido num grave acidente que não tinha nada a ver com o que o indivíduo estava fazendo (ou seja, , um avião cai em casa durante a madrugada, um rajada balas que são disparadas por um atirador enlouquecido num restaurante). Seria normal (mas inadequado) ficar obcecado com a experiência, revendo um e outra vez os acontecimentos e ações antes da catástrofe, mesmo que se reconheceu que, logicamente, não poderia haver nada para se sentir culpado.

O que exemplifiquei, não pretende transmitir a ideia que o sentimento de culpa não possa existir ou que seja um “pecado” quando o sentimos, nada disso. Obviamente que perante determinados cenários catastróficos ou negativos, e em reação a eles, se possam gerar determinados sentimentos de culpa. No entanto, importa referir que na grande maioria das vezes, esse sentimento é muito destruidor, não trazendo alívio nenhum à dor já infligida pelo acontecimento negativo. A reação de culpa é como que uma “fuga” interminável, não dá descanso, não orienta, não permite a reestruturação, devido ao constante sentimento de remorso. Este remorso, consome os recursos mentais, impedindo que a pessoa consiga pensar de forma clara e baseada em factos concretos.

SINTONIZE-SE, ACEITE E APRENDA COM O SENTIMENTO DE CULPA

Tenha cuidado, muito cuidado naquilo que vê de errado. As circunstâncias podem ser várias, mas é de sua conveniência esclarecer acerca do quê, e porque é que deve sentir-se culpado, ou se você deve sentir-se culpado acerca de tudo, ou até se é a única pessoa culpada. Ainda que faça mais sentido falarmos de responsabilidade. Uma excelente estratégia de clarificação, embora não infalível, de verificar se você acha que deve sentir os sentimentos de culpa, é perguntar a um amigo: Como é que ele lidaria com a situação se fosse com ele, e estivesse a sentir-se dessa forma?

Você acha que o seu amigo sentir-se-ia culpado como seu comportamento, e em caso afirmativo, por quanto tempo? Se você está esperando mais de si mesmo ou a ser demasiado duro, ou mais crítico do que você pensaria ser adequado para um amigo, pare com isso.

Um filho que se vê forçado a colocar os pais num lar de idosos por terem necessidades médicas, e que como alternativa, seria tê-los em casa e deixá-los morrer por causa da má assistência médica, pode sentir um profundo sentimento de culpa (que não é saudável nem ajudará à situação). Seria desapropriado sentir-se culpado por não ser enfermeiro ou não ter ganhado na loteria para que pudesse ter sido capaz de contratar enfermeiros para prestarem cuidados ao pais em casa.

O SENTIMENTO DE CULPA APROPRIADO

Quando os sentimentos de culpa são apropriados, vivê-los pode não parecer em nada que nos atrapalhem ou nos retirem clareza de pensamento. Esses sentimentos, podem fazer de você uma pessoa melhor, mais consciente, mais inteligente e mais capaz de evitar consequências idênticas no futuro. A auto-punição aplicada de forma prática num grau adequado e de forma saudável, é enriquecedora para si e para aqueles ao seu redor. Por outro lado, a auto-punição que serve e tem como fins a punição de si mesmo é disfuncional, contraproducente, perigosa e prejudicial para si e para os outros.

Como qualquer punição, os sentimentos de culpa e/ou as maneiras de agir consigo devido a sentir-se culpado, são demasiado intensas, então os sentimentos de culpa podem causar danos. A consequência a longo prazo do abuso prolongado imposto por alguém ou por si mesmo, é que você torna-se despreocupado, passando a agir de forma cada vez mais hostil consigo e com os outros (especialmente aqueles se preocupam com você). Você fica mais confuso e menos capaz de aprender com os erros, sentido-se cada vez mais “estúpido” e fora de controlo.

A PERDA DE AUTO-RESPEITO É PREJUDICIAL

Quando perdemos o respeito por nós mesmo, seja por algo que fizemos e nos sentimos culpados e diminuídos, seja porque sofremos consequências impostas por outros, como maus tratos, vergonha extrema, exturpação, desrespeito, na grande maioria das vezes o nosso comportamento sofre mudanças bruscas e desajustadas em resposta à situação traumatizante. Sentimo-nos tão mal, e ficamos com uma ideia tão deturpada de nós, que tendencialmente agimos contra nós. Provavelmente porque, os sentimentos experienciados geram confusão e raciocínios distorcidos, levando a comportamentos baseados em sentimentos desajustados e irrealistas.

Quando a culpa é apropriada, pondere dizer a si mesmo o seguinte: ” Toda a vez que me sentir culpado, tenho de me relembrar que é um sinal de alerta, que é um sinal que me informa que tenho de repensar o que fiz, e o que posso fazer para de forma funcional minimizar os danos e/ou evitar que sucedam no futuro”.

Atenção: Mesmo que se sinta culpado, não é sinónimo que você tenha de fazer coisas que lhe sejam prejudiciais e não sejam do seu interesse. O sentimento deve ser analisado de forma construtiva, reorientando o seu foco atencional para uma atitude positiva e construtiva.

QUANDO A CULPA É DISFUNCIONAL OU PERMANECE MUITO TEMPO

Quando os sentimentos de culpa não estão em de sintonia com a lógica de pensamento, são persistentes e não parecem diminuir, pode ser uma experiência muito frustrante e negativa. Esta situação é desconfortável, e na grande maioria das vezes pode corroer a auto-estima, motivação, produtividade e saúde. Pode ser uma causa de depressão e ansiedade e de comportamentos de auto-sabotagem. Pode sentir-se cada vez mais impotente, hostil para si mesmo e sem esperança.

Procurar ajuda profissional nestas situações de pensamento incapacitante e auto-destruidor, é a melhor coisa que pode fazer. Algumas sessões com um terapeuta, podem contribuir muito para o alívio do seu mal-estar, pode evitar viver com essa terrível dor emocional e/ou auto-sabotagem e raiva auto-dirigida.

Alguns tipos de medicamentos para a ansiedade, num primeira fase também podem ser úteis, principalmente porque podem ajudar a reduzir os sintomas físicos de mal-estar.

No entanto, importa alertar para o facto de que usar medicação ou qualquer tipo de programa de auto-ajuda para forçar-se a si mesmo a parar de pensar de forma depreciativa ou de sentir-se culpado, pode ser contraproducente se isso for contra as suas crenças e coisas em que acredita. Qualquer pessoa que se sinta incapaz de abandonar os sentimentos de culpa incapacitantes depois de uma quantidade razoável de tempo, deve pelo menos procurar um ou dois amigos para discutir a situação. Se isso não for suficiente deverá ponderar a possibilidade de procurar ajuda profissional (consultas de psicologia), para abordar o problema.

Se você acha que está em dívida para com o mundo sentido-se culpado sobre algo que você fez, a auto-sabotagem não é apropriada. Embora possa funcionar como um alívio temporário e sentir-se melhor no momento, esse tipo de comportamento só prejudica e prolonga o sofrimento. Se você sente o peso da responsabilidade através do sentimento de culpa, você precisa cuidar bem de si mesmo, para que possa ser capaz de ter comportamentos e atitudes positivas. O comportamento auto-destrutivo, é uma forma distorcida de processamento mental. Não faz bem a ninguém, nem em nenhuma circunstância.

E VOCÊ, COMO LIDA COM O SENTIMENTO DE CULPA?

Todos nós, num ou outro momento das nossas vidas, tivemos de lidar com o sentimento de culpa e injustiça relativamente a algo. Partilhe conosco as suas histórias e estratégias para lidar com esse sentimento de culpa. Comente!

Abraço

AUTOR MIGUEL LUCAS

Licenciado em Psicologia, exerce em clínica privada. É também preparador mental de atletas e equipas desportivas, treinador de atletismo e formador na área do rendimento desportivo.

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