TRAGÉDIAS NATURAIS
Toda vez que acontece uma tragédia, como a ocorrida recentemente na região serrana do Rio de Janeiro, ficamos refletindo sobre o motivo de a humanidade passar por tantas provações ocasionadas pela força da Natureza. Muitos até se questionam onde está Deus, e por que permite semelhantes acontecimentos.
Uma das maravilhas do Espiritismo é mostrar à humanidade um Deus justo e bom, como o fez Jesus. Entre outros atributos, esses dois nos dão a certeza de que tudo que procede de sua vontade deve ter uma causa justa e conseqüentemente uma finalidade boa. Revela-nos também que o Universo é regido por leis eternas e imutáveis, que lhe dão vida e sustentação e que tudo se sujeita a elas. Os próprios fenômenos naturais que aterrorizam e dizimam comunidades inteiras, que poderiam nos dar uma idéia equivocada da justiça e bondade do Pai, se submetem também a essas mesmas leis, seguindo uma ordem de equilíbrio dentro da Natureza, tendo, entre outras finalidades, a tarefa de desenvolver a inteligência do homem, fazendo-o buscar meios adequados, não de combatê-los, mas de se proteger contra suas inevitáveis ocorrências. Hoje, os sismógrafos conseguem detectar com antecedência os Terremotos, e a meteorologia prever furacões extremamente poderosos, denotando um grande avanço da humanidade neste sentido.
Todavia, contrastando-se a esses mesmos avanços científicos, o homem, às vezes, deixa-se guiar pela imprevidência.
Certamente, todos nós ficamos chocados com semelhantes tragédias, como a do Rio. Sensibilizamo-nos com as famílias sendo dizimadas e imaginamos a dor daqueles que ficam. No entanto, quase todos os anos, nesta época de chuvas intensas, somos informados dos mesmos acontecimentos: alagamentos, deslizamentos... É algo que, infelizmente, já estamos acostumados a assistir.
Óbvio que não precisa ser nenhum ex-esperto na matéria para saber que algumas construções nas regiões afetadas estavam irregulares, provando o descaso das autoridades políticas como também a imprevidência dos respectivos proprietários. Mas mesmo àquelas situadas em algumas regiões consideradas seguras, segundo alguns especialistas, falta um melhor planejamento em relação à urbanização, a qual requer projetos de pavimentação que, por sua vez, proíbe a filtragem das águas que se dá através do solo e dos vegetais.
Evidente que em casos como estes não se pode culpar os fenômenos naturais como sendo os responsáveis diretos pelas tragédias. A imprevidência daqueles que se opõem às suas rotas é que deve ser considerada...
Isso nos lembra a passagem evangélica, sem tomá-la, é claro, ao pé da letra, do homem que não edificou sua casa sobre a rocha; e desceu a chuva, correram rios e assopraram ventos que combateram aquela casa derrubando-a, pois não estava edificada sobre a rocha.
Deus em seu infinito amor deixa o homem aprender com o próprio erro. Não se interpõe às suas decisões, mas responsabiliza-o pelas respectivas conseqüências.
A natureza exige respeito, mas o homem parece não entender que para respeitá-la é preciso, antes de tudo, respeitar a si mesmo.
DEUS FAZ MILAGRES?
Amigo leitor, é de suma importância entendermos o que significa, por exemplo, a frase: “Aconteceu um milagre em minha vida.” Se extrairmos o espírito da letra, de forma filosófica, podemos entender a frase no sentido de que alcançamos algo de muito bom. Mas, se analisarmos de forma literal, como é o costume, genericamente falando, podemos afiançar que de acordo com a Doutrina Espírita, há um grande equívoco. Razão de nosso título de forma interrogativa.
Pois bem, no Livro A Gênese , no capitulo XIII – Os Milagres Segundo o Espiritismo, encontramos uma definição lógica e completa sobre o assunto e que neste pequeno espaço comentaremos apenas alguns pontos sobre o questionamento: Diz na obra: “em sua acepção etimológica, a palavra milagre ( de “mirari”, admirar), significa: admirável, coisa extraordinária, surpreendente. A Academia Francesa, definiu essa palavra: Um ato do poder divino contrario às leis conhecidas da natureza.”
Na acepção usual, essa palavra perdeu, como tantas outras, sua significação primitiva, diz ainda, em A Gênese.
Por exemplo, a palavra sobrenatural, como é utilizada atualmente, isto é, tudo que o ocorre sem o conhecimento humano é sobrenatural. Perguntamos, o que é sobrenatural? A resposta é sobre a natureza ou superior a natureza. E o que está acima da natureza? O Espiritismo responde, somente Deus. Porque ELE é o Criador de todas as coisas. Segundo a questão numero um, em o Livro dos Espíritos, o mestre Allan Kardec, indaga aos Espíritos Superiores: “ o que é Deus?” Tem como resposta: “É a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas.”
Desta forma, caro leitor, não existe o sobrenatural, o que existe realmente são leis naturais, ou seja, forças da natureza que o ser humano ainda desconhece, mas que são leis naturais. Como a eletricidade, sabemos que existe, mas não a vemos, apenas vemos o seu efeito.
Se Deus, fizesse milagres como muitos pessoas ainda entendem, o próprio Criador estaria derrogando suas leis. De duas, uma: ou ele entendeu que algo estava errado (o que então não seria Deus, porque Ele é a perfeição absoluta) ou o assunto foi mal entendido ou desvirtuado.
A Doutrina Espírita, vem então, esclarecer este equívoco, afirmando: “Os milagres não são necessários para a gloria de Deus; nada no universo se afasta das leis gerais. Deus não faz milagres, porque, sendo suas Leis perfeitas, ele não tem necessidade de as derrogar.
Vamos estudar? Vamos refletir? Muita paz a todos.
Antonio Tadeu Minghin
2a.PARTE - DEUS FAZ MILAGRES?
Prezado leitor, no dia 1º do corrente mês, publicamos o artigo com o título acima e que tem como fonte de pesquisa o Livro da Codificação Espírita A Gênese. Vimos agora apresentar ao amigo leitor, a 2ª. parte.
Destacamos no artigo anterior o natural e o sobrenatural, tendo concluído que, sobrenatural é somente Deus. Ainda dentro do capítulo, também podemos afirmar que o Espiritismo não faz milagres. É por óbvio, todas as manifestações da natureza estão vinculadas às Leis Naturais criadas por Deus.
Por exemplo, em matéria de cura do corpo orgânico, a Lei Divina se faz presente através da atuação médica, com intervenção cirúrgica ou através de medicamentos ministrados. Todos estes compostos, para que o evento aconteça, estão dentro de um campo ou de uma realidade já vinculada às Leis Naturais. Sem isso, não ocorreria nem mesmo a intervenção médica. Mesmo que determinada cura não ocorra, ainda assim, continua dentro das Leis Naturais, pois estas são causal e não de efeito. E, sabemos muito bem, por mais paradoxal que pareça que a não cura, ou o resultado não esperado, muitas vezes é o remédio salutar para aquela determinada pessoa.
Assim também, caro leitor, ocorre com as intervenções espirituais através dos médiuns (intermediários entre o mundo espiritual e o físico).
Tudo está dentro das Leis Divinas ou Naturais, tudo obedece a uma ordem. Diz no item 9 do Livro A Gênese: “Os fenômenos espíritas consistem nos diferentes modos de manifestação da alma ou Espírito, seja durante a encarnação, seja no estado de erraticidade.” (intervalo entre as reencarnações).
Portanto, é através de suas manifestações, que é revelado à existência, a sobrevivência e a individualidade do Espírito. Este fato já não é um “milagre Divino?”.
Neste campo, os seus efeitos constituem o objeto principal das pesquisas e dos estudos do Espiritismo.
Como dizem os Imortais e o Mestre Allan Kardec: Fatos considerados como milagrosos, os quais sucederam antes do advento do Espiritismo, e que ainda se passam em nossos dias, encontram explicação nas leis novas que a Doutrina Espírita veio revelar. Nada tem de sobrenatural.
É importante destacar: quando se trata de fatos autênticos, e não de casos que, sob o nome de milagres, são produtos de uma indigna subtileza, feita com o propósito de explorar a credulidade e nem de casos legendários que, em sua origem, podem ter tido um fundo de verdade, mas, como diz em A Gênese, que superstição ampliou até o absurdo.
E ressaltamos, amigo leitor, que sobre tais fatos, o Espiritismo vem lançar luz, proporcionando a todos distinguir entre o erro e a verdade. E assim, caminhar, sem a trave nos olhos ou, melhor, na mente, para progredir em intelectualidade e espiritualidade.
Vamos estudar? Vamos refletir sobre isso? Muita paz a todos.
Antonio Tadeu Minghin
Espiritualização
... “Não se acreditem quitados com a Lei, por haverem atendido a pequeninos deveres de solidariedade humana.”
Irmão Jacob, Voltei
Um mundo de novas considerações se revela àquele que medita as palavras do Irmão Jacob: não se acreditem quitados com a Lei...
No capítulo da presente existência, buscamos amparo no Espiritismo, estudamos a doutrina, relacionamos as bênçãos do conhecimento libertador de consciências em longos discursos, nos envolvemos em campanhas de socorro aos necessitados ofertando pão material e pão espiritual etc. Mas sempre chega o momento em que nos defrontamos com a própria realidade, a paisagem íntima e, então, fazendo uma avaliação daquilo que somos, poderemos nos surpreender ao constatarmos que passamos pela vida distraídos das próprias carências...
O espírito Irmão Jacob, no livro Voltei – psicografia de Chico Xavier – faz um alerta a todos nós que, envolvidos superficialmente no Espiritismo, olvidamos a oportunidade e a necessidade de reestruturarmos nossas emoções, nossos sentimentos. A Lei a que se refere, notadamente, é o conjunto das leis divinas que reclama obreiros conscientes para colocá-las em prática.
É certo que temos aprendido que fora da caridade não há salvação, todavia, o que nos move no exercício da caridade deve ser observado atentamente a fim de não a automatizarmos e tampouco nos considerarmos quitados por atendê-la de forma tão rudimentar. Consideremos que ainda falta muito empenho de nossa parte para alcançarmos o glorioso título de tarefeiros do Cristo. Por enquanto, somos ainda os trabalhadores da última hora que, por misericórdia divina, recebem tão alto salário!
Jacob ainda nos fala em pequeninos deveres de solidariedade humana, deixando transparecer que nossas obras, embora bastante respeitáveis, estão no círculo dos deveres. Ou seja, ainda não nos elevamos à condição de dispensadores de misericórdia – fazendo além do necessário –, nossa tarefa é pequenina, entretanto reclama disciplina, boa vontade e conhecimento.
Assim, descobrimos quão imperioso é que nos espiritualizemos, transformando o homem velho que somos – com hábitos infelizes, envergado por sentimentos de culpa e de menos valia, com sentimentos adoecidos –, no homem revigorado pela fé raciocinada, livre de dogmas e tradições, pronto a largar aquilo que não lhe seja necessário e seguir verdadeiramente o Cristo, sem olhar para trás.
Muita Paz!
Amai os vossos inimigos
Jesus nos ensina, há mais de dois mil anos, a Lei de amor que Ele próprio vivenciou deixando-nos o exemplo luminoso desse ensinamento. Quando questionado por um doutor da lei sobre qual o maior mandamento, Ele responde que o maior mandamento da Lei é Amar a Deus sobre todas as coisas e disse em seguida que nos deixaria um segundo mandamento semelhante ao primeiro que consistia em Amar o próximo como a si mesmo.
O Divino Mestre, também, nos disse que deveríamos amar os nossos inimigos, porque se somente amassemos aqueles que nos amam não estaríamos fazendo nada além do nosso dever. E se aspiramos à glória da vida eterna devemos ver em todos os seres reencarnados irmãos em marcha evolutiva, assim como nós mesmos. Logo devemos estender esse amor ao próximo até àqueles irmãos que nos querem ofender, pois, somos todos filhos de Deus, buscando entre quedas e tropeços fazer brilhar a nossa luz interior.
O amor que o Cristo nos recomenda, ainda não temos condições de exercitá-lo em sua total pureza, pois trazemos em nosso íntimo muitas imperfeições adquiridas nas muitas experiências reencarnatórias. Porém, quando Jesus nos recomenda amar os nossos inimigos Ele diz que devemos retribuir o mal com o bem, perdoar as ofensas.
O Cristo nos amou mesmo sabendo de todos os sofrimentos que nossa pequenez e grande ignorância O faria passar. E por amor pede ao Pai que nos perdoe a ignorância, o orgulho, pois compreendia o momento espiritual em que nos encontrávamos.
E mesmo com todos esses ensinos nós seres “humanos” continuamos agindo com grande desumanidade para com nossos semelhantes, quando ainda hoje pagamos o mal com o mal, buscamos a vingança ao invés de nos reconciliarmos com nossos irmãos, nutrimos sentimentos negativos para aqueles que nos querem ofender.
Quando tivermos maturidade espiritual suficiente para compreendermos a grandiosidade do perdão então teremos compreendido o que Jesus quis dizer com o amais os vossos inimigos, pois somente perdoando estaremos nos livrando das amarras que nos prendem aos planos inferiores da vida.
Um sábio persa nos diz, também, que devemos ser como o sândalo que perfuma o machado que o fere. Perdoa, ame, retribua o mal com o bem, ore por aqueles que não vos queira bem.
Portanto, afastemos a sombra densa da ignorância que nos envolve, exemplificando os ensinamentos de Jesus e assim ascendendo a nossa luz interior, que clareará o caminho que nos conduzirá ao encontro Dele.
Muita paz e que Jesus, nosso Mestre, nos envolva em muita luz e amor.
Frederico Cavalcante Guerra
Centro Espírita Esperança e Caridade – SJRio Preto
PENSAMENTO, SAÚDE E VONTADE
“É assim que dos organismos monocelulares aos organismos complexos, em que a inteligência disciplina as células, colocando-as a seu serviço...” (1)
A afirmação de André Luiz deixa claro que o Espírito, o princípio inteligente do universo, é diretamente responsável pelo bom ou mal funcionamento de seu organismo biológico, bem como de sua formação nos processos reencarnatórios, que leva em conta o resultado do “caminho” percorrido, sempre refletido em sua tessitura perispiritual.
Ressoa ainda em nossos ouvidos o "mente sã em corpo são", há mais de dois mil anos, como receita para a boa saúde, mas prestamos pouca atenção, e nos deixamos levar pelo dia a dia, sem atentarmos para a qualidade de nossos pensamentos.
Podemos ainda perceber o quanto "gostamos" de doenças, quando dizemos frequentemente tenho esta ou aquela doença, que necessita desse e daquele remédio, nesta ou naquela quantidade. Algumas vezes até disputamos, com algumas pessoas, numa tentativa de se mostrar mais digno de pena, ou de mais importante, o quanto é grande nossa doença. E se alguns profissionais da saúde não conseguiram descobrir, mais importantes nos sentimos.
Em verdade não temos doença, e sim estamos doentes, como reflexo de nossa inferioridade moral. Engrandecendo nossas doenças, fortalecemos nossos desequilíbrios espirituais.
Conhece-se, cientificamente, de há muito tempo, o chamado Efeito Placebo. Relembrando, é o efeito positivo em caso de alguma anomalia funcional, quando tomamos um produto inócuo, pensando que é remédio, e a doença vai embora. Foi a confiança, a esperança, a vontade de se curar que fez com que o corpo reagisse, mesmo sem tomarmos o remédio real.
Não estamos dizendo que se pode curar tudo com o poder da vontade, porque a matéria ainda necessita da matéria para corrigir-se. Mas podemos criar um estado receptivo para que o corpo se beneficie em maior grau com a mesma medicação. E isto fazemos com o pensamento.
O mesmo André Luiz, que citamos acima, nos informa (2) que através da Epífise, o espírito é capaz de assumir ascendência sobre o sistema endócrino, ajudando na regulação do funcionamento do corpo, e ainda liberar energias subconscientes desconhecidas em nós, pelo simples fato de acharmos que não temos forças. Tudo isso pelo poder da vontade, que é um atributo do espírito.
A advertência de Nosso Senhor Jesus Cristo não é sem razão, quando assevera o "Vigiai e Orai" (3), como necessidade básica em nossas vidas. Tanto para mantermos um estado de saúde física melhor, quanto a saúde espiritual, por que já sabemos que é pelo pensamento que atraímos esse ou aquele espírito para junto de nós. Portanto, se o nosso pensamento está doente, atraímos doenças, e o contrário é verdadeiro, na mesma intensidade. Mas alguém poderia dizer que mesmo os que mantém bons pensamentos também adoecem. É verdade, mas sabe-se, cientificamente comprovado, que os de bons pensamentos curam-se mais rapidamente, necessitam de menos medicações, e quando apresentam necessidade de internações recebem alta mais cedo.
Por último, em O Livro dos Espíritos aprendemos, não só sobre a questão da afinidade pelo pensamento, mas que temos plena liberdade de pensar nisso ou naquilo, mas sempre vinculados às Leis Divinas, ou seja, o pensamento, que é a causa de todas as realizações, produz efeitos, e por isso mesmo, está sujeito à Lei de Ação e Reação. E o primeiro a receber o retorno é o perispírito que, imediatamente, transfere para o corpo físico, tanto o bem quanto o mal estar.
Pensemos melhor, para nós e para os outros, e o melhor acontecerá, principalmente se juntarmos ao pensamento a ação realizadora.
Antonio Carlos Navarro
São José do Rio Preto
Centro Espírita Francisco Cândido Xavier